Cidades Digitais – O Caso da Praia

28 03 2007

A Sociedade de Informação e do Conhecimento desempenha um papel nuclear em todos os tipos de actividade humana, induzindo novas formas de organização da economia e da sociedade, contribuindo para a criação de conhecimento e de valor económico. O seu desenvolvimento é da responsabilidade de todos, sendo que o Estado deverá assumir um papel de catalisador e promotor de iniciativas como acontece no caso das “Cidades e Regiões Digitais”. Guia Cidades Digitais.

O tema veio à baila, novamente, com o artigo do Daniel Monteiro, no jornal A’Semana (infelizmente, não no A’Semana online), onde ele questiona a problematica das Cidades Digitais, mais concretamente o desafio da Praia – Cidade Digital, tema este que inclusive, está a ser objecto de estudo na Disciplina Sistema de Informação nas Organizações, no curso de Licenciatura em TIC, no ISE.

Estou plenamente de acordo quando, a começar, faz um apelo à prudência e a modéstia (uma grande dose).

Realmente falar duma Praia Digital, ou Plateau Digital, neste momento, pode ser um pouco prematuro e revela alguma precipitação.

Na síntese do livro Guias Cidades Digitais, acima referido, refere-se claramente o papel do Estado como catalisador e promotor de iniciativas e o artigo do Daniel Monteiro, refere a 4 pontos que, segundo ele, são pilares para a construção da nossa cidade digital:

  1. Infra-estrutura de Banda Larga;
  2. Democracia Digital;
  3. Inovação;
  4. Mão-de-obra baseada em conhecimento.

A questão da infra-estrutura é um dos maiores entraves à democratização do acesso às novas tecnologias e do acesso à informação. A questão do acesso é o ponto central de uma sociedade virada pra fora e com aptência para a tecnologia.

Em termos sociais, existe o problema da exclusão social que acaba por ser acentuado com a diferenciação no acesso às TIC. (Ainda hoje na sala de aula um aluno reclamava, por ser do interior que o acesso às TIC era dificultado).

O problema da exclusão social, existente, per si, numa sociedade como a nossa, também fomenta a info-exclusão e/ou a exclusão digital. E há um ciclo vicioso que é preciso quebrar. Exclusão Social => Exclusão Digital => Info-Exclusão =>Exclusão Social.

A questão da Inovação, surgimento de projecto inovadores, e mão-de-obra baseada no conhecimento são factores que estão intimamente ligados a um movimento académico forte no âmbito das TIC. E esse movimento, esse ambiente de inovação, investigação e criação de projectos só é possivel tendo profissionais capazes, com condições de trabalho e motivados.

Tive a felicidade de estar presente na génese do Projecto Aveiro Cidade Digital, e esse projecto teve como grande impulsionador o ambiente favorável que se vivia na universidade e na cidade. A sinergia UniverCidade foi e continua a ser fundamental para que haja desenvolvimento dos vários sectores socio-económicos da cidade.

A terminar, é preciso ter em atenção que uma cidade pólo tecnológico não é necessariamente uma Cidade Digital. O exemplo do Porto Digital do Recife é , a meu ver, um pólo tecnológico de enorme dimensão onde se contabilizam 100 organizações, 3 mil empregos,2 incubadoras, 8 km de fibra óptica, 1 biblioteca pública e 3,5% do PIB de Pernanbuco. Uma cidade digital tem que ter o foco mais virado para o cidadão, facilitar o acesso às TIC, aos serviços, às informações, ser uma cidade com vida própria e que respire tecnologia.


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